São uma presença muito assídua na SAGAL há bastante tempo. Gostaria de perceber, em termos de comparação, como é que vocês trabalham de ano para ano? Tendo por base o que ocorreu no ano anterior, qual é a perspetiva que têm?
Nós pensamos muito naquela questão de que quem não é visto não é lembrado. E, por isso, queremos ter uma presença assídua cada vez mais. Antigamente fazíamos de dois em dois anos, agora queremos fazer anualmente. Também reparamos que muitas pessoas que andavam pela feira reparam que já nos viram no ano passado. Se uma empresa nova não dá logo aquela credibilidade, quando veem que já estivemos no ano passado, este ano já nos olham com outra confiança. Pelo menos isso é o que pensamos que as pessoas pensam. E, então, queremos ter uma presença cada vez mais assídua por isso mesmo. Porque, cada vez mais, as pessoas podem olhar para o stand, lembrar-se. Porque muitas vezes acontece e o engraçado, no meio das feiras é que, enquanto as pessoas se lembram de ir ao stand, muitas vezes nós estamos ocupados a dar atenção a alguém e não conseguimos dar atenção a outra pessoa. Então, perdemos uma oportunidade. E quando a pessoa se lembra de que esteve lá, não conseguiu, ou por outro motivo, não conseguiu fazer negócio durante o ano.
E em termos da vossa estratégia de internacionalização, traçaram já alguns objetivos para os próximos anos?
Sim. Nós, durante muito tempo, como muitas empresas portuguesas, já estávamos na exportação. No nosso caso, com os enchidos, no mercado da saudade, onde há um grande consumo dos nossos produtos. Nós, acima de tudo, queremos começar também a entrar em mercados que não o da saudade porque o produto português é um produto conhecido mundialmente, o turismo ajuda, e as empresas que estão no mercado também têm feito um bom trabalho. Mas queremos ir além disso e atingir também outras nações, ou seja, outras nacionalidades, que conheceram o produto português pelo turismo, ou pelos imigrantes que estão lá fora, e que também o deram a conhecer. E nós queremos entrar nesses mercados.
Alguns países em específico que consigam concretizar?
A nossa prioridade está na União Europeia, pela questão da facilidade das leis e transações económicas. E também, como não somos uma indústria assim tão grande, vamos começar por dar prioridade à União Europeia, onde é mais fácil fazer comércio.
Qual é atualmente o impacto da atividade de exportação na vossa empresa?
Sim, na parte da fábrica, produção de produtos, cerca de 25%.
E a meta é manter este número ou aumentar? Qual é o vosso objetivo?
Bom, para ser sincero, temos uma meta de valor absoluto que queremos atingir, mas não em percentagem. Porque posso estar aqui a dizer que quero que represente 50%, mas basta baixarem as vendas no mercado nacional e já lá chegamos. Ou seja, nós temos um valor absoluto que queremos atingir; o valor da exportação pode representar até 10%, mas conseguimos fazer mais, porque também crescemos a nível nacional.
É mais fácil ter essas duas dimensões para assegurar o equilíbrio.
Sim, porque pode ser um mau sinal estar-lhe a dizer que quero atingir 50% e conseguir. Pode ser um mau sinal, por termos baixado o mercado nacional.
Queria perceber também, em termos de abordagens dos compradores internacionais, se nestes momentos como a SAGAL isso parte essencialmente de vocês, ou se também há essa curiosidade por parte dos expositores?
Eu penso que, muitas vezes, se não houver um sorriso, um “olá”, algo que chame, não nos dirigimos aos stands. E muitas vezes, portanto, não conseguimos transmitir a mensagem do que é que nós temos. Por isso, acho muito importante visitar o stand e ter disponibilidade para dar um “olá”, um “bom dia”, um sorriso e captar realmente a atenção das pessoas. Claramente, há muitas que já vão focadas — no nosso caso, já ouviram falar do nosso produto e já vão atrás de algo específico. Mas muitas não nos conhecem e, se nós não dermos um sorriso, um “olá”, um “bom dia” ou o que seja, parece que ficamos a meio caminho.
Em termos de produto, há alguma referência que se destaque em termos de procura internacional?
Sim. Nós, já no ano passado, fizemos um stand muito baseado nos nossos petiscos, nas novas embalagens que lançámos. E o nosso stand até foi decorado à base dessas novas embalagens. Este produto só começou a ser comercializado, efetivamente, três meses após a feira. E este ano apostámos no mesmo, porque, como costumamos dizer, fazer chouriças há muitos a fazer. Então, queremos estar num mercado que já existe e tentar seguir um pouco a concorrência e o comportamento dos equipamentos.
Como tem sido a receção do mercado?
Tem sido muito boa. As lojas permitem-nos já abrir espaço. Nós já tínhamos alguns produtos com outro tipo de packaging que não era tão atrativo para o cliente e não passava bem a mensagem. Agora, com o novo packaging, quem conhecia o antigo notou logo a diferença, e quem não conhecia teve um impacto positivo. Conseguimos captar um novo mercado e disponibilizá-lo.
Sabemos que a vossa gama é sobretudo composta por enchidos e agora também pelos petiscos. Vão ter alguma novidade a lançar até abril próximo?
Sim, sim. Queremos, até à altura da SAGAL, apresentar uma gama maior de petiscos dentro dos mesmos, mas com novos produtos.
Mas falamos de um número considerável de novas referências, ou de duas, três por aí?
Duas, três. Não queremos já lançar tudo de uma vez. Queremos ir testando o mercado, porque pode haver produtos que estejamos a lançar que, dentro daquele segmento, não sejam a gama certa. Então, vamos testando o mercado.
E em termos da própria organização, o que gostavam que fosse diferente daquilo que tem sido até aqui?
Sinceramente, muitas vezes nós reclamamos quando passamos uma hora sem um comprador, mas, na realidade, não há muito que se possa fazer, porque os compradores estão na feira. Trata-se mais de nós conseguirmos passar a mensagem ou captar a atenção do comprador. Na edição passada foram milhares. Se conseguirmos 10% deles, já é muito bom. Já é excelente. Normalmente, quando falamos de exportação, não falamos de vender para uma mercearia pequena, não é? Já tem um impacto considerável.
Falou-me há pouco da aposta nos países da União Europeia como mercados prioritários. Queria saber se, em termos de logística, há desafios associados a alguns mercados em específico?
Sim. A maior dificuldade, quando passamos da Alemanha para a frente, por assim dizer, é o transporte. No nosso caso, tem de ser transporte refrigerado. Quando é transporte seco, há muito a União Europeia tem, a rede existe. O transporte refrigerado, muitas vezes, é complicado. Então, quando falamos em iniciar uma parceria, muitas vezes não querem arriscar comprar paletes. Uma palete é fácil de negociar.
Falou-me já do lançamento de novas referências e da consolidação da exportação. Que outros objetivos gostariam de concretizar nos próximos tempos?
Nós, neste momento, estamos muito focados. Achamos que os números são uma consequência do nosso trabalho e de tudo o que fazemos. Ou seja, não gostamos muito de falar em números, mas gostamos de falar nas ideias que vamos criar e nas ambições que temos. Isso vem como consequência. Estamos muito virados para atingir o público jovem. Queremos captar a atenção dos jovens e fazê-los entender que esta questão da “saúde” — que afastou muitos consumidores — não é bem assim. Nem todos os produtos têm químicos. Hoje em dia, somos obrigados a usar conservantes para garantir validade e segurança alimentar, mas conseguimos fazer produtos bons, industriais, mas de qualidade, adaptados à nova realidade, como é o caso dos petiscos. É um produto conveniente, e hoje em dia tudo o que é conveniente está no consumo dos jovens.

