O que motivou a empresa a confirmar já a presença na SAGALEXPO?
É boa, é uma boa montra, estamos com os nossos clientes, e tentamos conquistar novos mercados, novos clientes. Em relação a esta última edição, eu sou uma pessoa que faço sempre um balanço positivo. Porquê? Porque mesmo que não faça clientes novos, estou com os meus clientes. Há sempre aquele ditado de que quem não é visto, não é lembrado, no mundo dos negócios é assim. E, depois, numa feira nem sempre se faz um negócio à primeira. Talvez à segunda, passados dois anos, é que se pode fechar um negócio. Temos de ser realistas. Na minha área, por exemplo, os clientes internacionais já consomem salgados e não vão mudar só pelos meus lindos olhos. Só com o tempo, gostam da nossa simpatia, vão provando o produto. Quando houver uma falha por parte da concorrência, aí é que podemos ganhar. Estar numa feira, numa montra, é sempre agradável.
Estes clientes que já têm aproveitam esta ocasião para estarem convosco? Acabam por reforçar o catálogo?
Tenho clientes de todo o lado que vêm. A maioria são todos os meus clientes. Na França tenho dois. Uns consomem isto, outros consomem aquilo. E tenho outros que consomem o catálogo todo. E é o que eu digo: dá para toda a gente, desde que prestemos um serviço espetacular, com qualidade. Apostamos muito na qualidade e no bom serviço. Claro que vamos ganhando uma referência ou outra quando a concorrência não acompanha bem o cliente. É nesse sentido que eu digo.
Em relação ao exterior, consegue indicar dois ou três mercados onde têm uma presença mais expressiva?
França, Suíça e Alemanha.
Há algum outro mercado que gostassem de atingir nesta nova edição?
O mercado africano, que é um bocado difícil, porque nós, para enviarmos para lá, tem de ser através de empresas portuguesas, trading. Nós vendemos para todo o lado. Vendemos, por exemplo, para o Brasil, porque nos pediram. Não queremos fazer uma coisa que nos possa levar a falhar com os nossos clientes.
Em relação à atividade de exportação, que peso é que ela tem hoje em termos de faturação total?
30%, já foi 25, agora 30%.
Há margem para crescimento?
Acho que temos margem. Mais 5 ou 10% era bom, mas estamos bem. Com todo o respeito, claro que não podemos dizer que estamos lotados, mas estamos bem, estamos no bom caminho. E graças à SAGALEXPO, já não tenho de ir ao estrangeiro, vêm cá os compradores.
Quanto aos produtos, têm apostado muito nesta gama para forno. Será para continuar?
Sim. Continuamos a apostar na gama de forno, por exemplo, a inovar nos produtos mais saudáveis. Vamos agora falar de produtos vegan.
E como é que mercado tem reagido a estas apostas?
Preferem as tradicionais. Isso vai mudando, mas as tradicionais ainda lideram.
Alguma referência que se destaque em particular?
Temos o pastel de bacalhau, o rissol com camarão, e depois temos o pastel de Chaves, o famoso pastel de Chaves. Essas quatro são uma iguaria típica e que toda a gente adora. Temos o famoso pastel de bacalhau com queijo, também.
É fácil convencer os compradores a levar o pastel de Chaves para o exterior?
Sim, porque o povo transmontano está em todo o mundo. Há muito consumidor transmontano. Conhecem a Carina, conhecem o nosso produto e conhecem o pastel de Chaves.
Como é que estes compradores descrevem o pastel?
O pastel de Chaves é uma iguaria. Temos a IGP, que só aqui em Chaves é que pode ser feito. É com muita qualidade. Porque é mesmo bom, o pastel. Este pastel é de forno. Temos também o famoso pão de queijo, que está a vender bem, estamos a aumentar as vendas. Lançámos uma linha Gourmet também, que está a ser um sucesso.
Vão tentando inovar por essa via.
Sim, inovar, marcar um bocado a diferença na qualidade. Porque há tanta gente a fazer salgados. E quando vejo que a concorrência está no meu patamar, ou melhor, tenho de tentar ser melhor. Não para mostrar aos concorrentes, mas para os meus clientes ficarem mais contentes connosco.
“A SAGALEXPO é uma boa montra, estamos com os nossos clientes, e tentamos conquistar novos mercados e compradores”
O que é que diria que hoje o faz distinguir?
A qualidade, a rapidez de entrega e a simpatia da equipa toda da Carina. Não só a minha, de toda a gente.
Há objetivos já definidos para os próximos anos? Alguma coisa que gostassem de fazer e ainda não foi possível, mas que estejam a trabalhar nesse sentido?
Provavelmente, iremos lançar pratos prontos.
Quais são as dificuldades? Porque é que ainda não aconteceu?
Porque primeiro temos de ser bons no que estamos a fazer. Não quero precipitar. Quando tivermos tudo bem organizado, como estamos a ter, aí sim temos as condições para fazer o investimento noutras máquinas ou noutra cozinha para o fazer.
Estes pratos vão passar por receitas tradicionais portuguesas ou cozinhas do mundo?
Sim. Para fazer tem de ser uma coisa melhor. Para ser mais um, não quero. Quero ser um que se diferencie na qualidade. Pode ser mais caro. Temos uns panados de frango, que é caro, mas é feito com muito cuidado, são marinados por nós. O trabalho é muito manual. É completamente diferente. Temos uma equipa profissional aqui, desde toda a cozinha até à estrutura. Somos uma família.
É fácil também vender essa imagem de proximidade?
Sim. Quem vem visitar a fábrica vê o bom ambiente que temos, de família. Por exemplo, se quiser meter aqui 20 pessoas amanhã, meto, vamos supor. E se calhar outros colegas meus da concorrência estão com problemas em arranjar pessoas. Isto também valoriza a venda do produto. Por exemplo, há uma fábrica concorrente. Se eu disser que tenho currículos de funcionários dessa fábrica, eu não aceito. Porque é uma questão de respeito pela concorrência. Tenho de ter princípios. O nosso princípio é esse. E isso faz a diferença.
Acredita que essa diferença se nota também fora?
Sim. É a honestidade, a transparência com as pessoas, com os meus produtores. Posso dizer que na Suíça só tenho uma marca, que é Carina. Só tenho um distribuidor e é a minha marca. Em França, só eu tenho a minha marca. Eu não quero ser como todos. Depois, ganho a diferença aí, na transparência e na honestidade do produto. E depois, a qualidade do produto acaba por falar por si.