A Lacto Serra celebrou recentemente 40 anos. O que representa este marco?
Estes 40 anos são, efetivamente, quatro décadas de dedicação ao ramo dos lacticínios, que têm vindo sempre a progredir. É um progresso constante e sustentado por parte da empresa com bons resultados, não só a nível do mercado nacional, mas também, cada vez mais, a nível do mercado internacional.
De que forma a empresa está a apostar na internacionalização?
Sempre houve uma aposta na internacionalização e nas exportações, mas intensificou-se ainda mais no pós-COVID. Neste momento, a exportação, em termos de faturação, está muito perto dos 10%, e esperamos que continue a crescer.
Há mercados que se destaquem particularmente?
A nossa presença é forte na Europa, principalmente no “mercado da saudade”. Procuramos, efetivamente, novos mercados, como África e Américas, nomeadamente o Brasil, Canadá e Estados Unidos, onde já estamos presentes. Neste momento, estamos à procura de mercados no Oriente, também com o objetivo de aumentarmos as exportações e percebermos se esses mercados são competitivos para nós ou não.
Como é que tem sido a vossa abordagem a esses mercados que, pela cultura, são um necessariamente diferentes da Europa?
Estamos ainda numa fase muito inicial, com participação em feiras e também a fazer prospeção de mercado, para percebermos efetivamente se vale a pena continuar a investir nesses mercados ou não. Tendo em conta esta questão da cultura e da economia, que são fatores que, muitas vezes, só estando lá presentes conseguimos avaliar. Temos mercados em que iremos continuar e outros que já experimentámos e sabemos que não vamos continuar, com base nas informações recolhidas.
E muitas vezes isso tem a ver com o produto ou com os fatores que referiu?
É mais cultural. Temos também questões económicas e logísticas que pesam bastante. Portanto, estudamos o mercado e depois percebemos se podemos concretizar negócios ou não. Avaliamos o grau de dificuldade e, dentro do que estamos a traçar e dos mercados que estamos a priorizar, fazemos essa seleção.
Quais têm sido os maiores desafios de levar o produto para determinados mercados?
A maior dificuldade na exportação é termos um produto perecível, e o período útil do produto conta muito na questão do negócio. Esta é uma particularidade da qual não podemos fugir, porque é o nosso produto. É olharmos para o mercado, percebermos a eficiência logística que o mesmo tem e se o nosso produto se consegue adaptar a essa eficiência.
Em França, particularmente, onde o mercado de queijo é muito forte, como conseguem destacar o vosso produto?
O nosso produto tem, efetivamente, características muito específicas relativamente ao mercado. Pela sua textura, principalmente. O sabor vai sempre um bocadinho ao gosto de cada um, mas a textura do nosso produto é bem diferente. E depois há a questão do serviço que prestamos ao cliente, a personalização, a disponibilidade que temos, considero uma das mais-valias junto dos clientes e que nos tem permitido crescer no mercado de exportação.
Os prémios que têm recebido consecutivamente, ano após ano, ajudam como bandeira?
Ajudam e são a confirmação da qualidade dos nossos produtos.
Qual é o impacto direto, por exemplo, em termos de vendas, quando se recebe um prémio destes?
Não conseguimos quantificar, mas percebemos que há impacto. Os clientes referem estes prémios e, portanto, é algo que não conseguimos efetivamente quantificar a 100%, mas notamos que tem impacto, pelo menos na forma como os clientes veem o produto. Felizmente, as referências com que mais somos premiados são também as de maiores vendas, e por isso apostamos mais nessas. Quem compra os nossos ‘tops’ acaba também por experimentar outras referências que temos e que vamos lançando.
Como é que é possível trazer inovação a um produto que é, digamos, tão tradicional?
Temos apostado muito no packaging, na forma como apresentamos o produto, como o fazemos chegar ao cliente. São pontos fundamentais em que temos vindo a investir e a inovar no serviço prestado ao cliente. Temos de manter a tradição do produto e as suas características. A inovação tem sido mais por aí, não tanto no produto em si, mas na forma como o entregamos. A componente visual tem pesado mais, a manutenção do produto, a embalagem, tudo.
A Lacto Serra tem apostado consecutivamente na feira SAGALEXPO, tendo já confirmado a participação na próxima edição. Quais são as expectativas para esta nova presença e o que pretendem alcançar?
A presença na SAGALEXPO é mais uma continuidade. Há vários anos que participamos. Para nós, é também para estarmos também com os nossos clientes e, se possível, angariar novos.
Como fazem a abordagem a novos clientes durante a SAGALEXPO?
Fazemos uma preparação prévia da feira, contactando os visitantes que presumimos que poderão estar presentes e que convidamos a visitar o nosso espaço. Outros abordamos nos corredores, enquanto passam.
Falou na inovação do packaging e da embalagem do produto. Há mudanças para os mercados para onde exportam?
Fazemos ligeiras adaptações, muitas vezes tendo em conta as condições de transporte e de exposição. Fazemos pequenas alterações adequadas a cada Mercado, por vezes devido a exigências, outras por sugestão nossa, para melhorarmos a dinâmica de vendas nos países de destino.
Como estão a planear os próximos anos?
É continuarmos a fazer o trabalho bem feito que temos feito nestes 40 anos e esperar que venham mais 40. Temos os objetivos normais de qualquer empresa: crescer em faturação, melhorar os produtos, desenvolver novos. Temos de investir, de estar em constante melhoria. Foram 40 anos de investimento e esperamos que sejam mais 40, em infraestruturas, equipamentos, melhoria contínua. É assim que queremos continuar.
Fechámos 2024 com uma faturação de cerca de 15 milhões de euros, entre as duas empresas Lacto Serra e Queijaria Sabores do Dão, e pretendemos continuar a crescer a dois dígitos, em termos percentuais, tal como nos últimos anos. É um trabalho árduo, não só da parte comercial, mas de toda a estrutura da fábrica, produção, área financeira, toda a equipa tem de estar envolvida para conseguirmos manter este crescimento, que se tem vindo a verificar nos últimos cinco ou seis anos. Precisamos de toda a equipa para que isso continue a acontecer.