A indústria conserveira portuguesa estabeleceu como meta atingir os mil milhões de euros em faturação até 2030, um objetivo definido em 2010. Apesar de estar distante dessa marca, o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANCIP), José Maria Freitas, acredita que ainda é possível alcançar esse valor, desde que haja políticas europeias favoráveis.
“É uma meta ambiciosa, mas não impossível”, afirmou ao Dinheiro Vivo, destacando que o setor tem demonstrado “um bom ritmo de crescimento” nos últimos 14 anos, permitindo-lhe duplicar a faturação.
No entanto, o principal desafio é a concorrência externa, com o mercado europeu já abastecido em mais de 50% por conservas de outros países, que se beneficiam de acordos comerciais de livre comércio com a União Europeia.
“Se a política europeia continuar a ser de abertura, vai dificultar o atingir desta meta”, explicou o responsável.
As exportações têm sido cruciais para o sucesso das conservas portuguesas, com um crescimento de 10% em 2023, alcançando os 334 milhões de euros. Espanha e França são os principais mercados, mas o mercado norte-americano destaca-se pelo maior valor pago pela conserva portuguesa, 9,1 euros por kg.
A indústria conserveira conta ainda com cerca de 3500 trabalhadores, 90% dos quais mulheres, mas enfrenta dificuldades na captação de mão-de-obra devido ao envelhecimento da população. Para suprir essa lacuna, tem recorrido a trabalhadores estrangeiros, nomeadamente do Brasil, Cabo Verde e Nepal.