O que é que procura enquanto viajante?
Procuro realidades diferentes da minha, que me tragam algo de novo e excitante, que me quebram a monotonia e a forma de pensar. Viajar para um destino longínquo ou exótico é sempre cativante e enriquecedor. Por outro lado procuro cada vez mais locais envoltos na natureza. Tenho uma vida muito acelerada, dou cada vez mais valor à tranquilidade, slow-living e à gastronomia local.
O que considera essencial numa viagem de lazer ou profissional?
Depende muito daquilo que procuro no momento, praia, cidade, montanha… independentemente disso gosto de ficar confortável e de comer bem!
Quando viaja procura ficar em que género de unidades hoteleiras?
Felizmente devido ao meu trabalho já tive oportunidade de ficar em inúmeros tipos de propriedades, algumas que nunca imaginei ser possível. Procuro hotéis que se diferenciem de alguma forma, seja pela arquitetura, pelo conforto das instalações, pela localização e pelos serviços disponíveis… Ainda assim quando vou de férias por vezes prefiro a tranquilidade de uma casa de alojamento local isolada.
Qual a importância do local de hospedagem numa viagem?
Depende do destino, se for um destino citadino onde passarei quase todo o tempo fora do hotel, a categoria do mesmo não me é tão relevante, tenho neste caso mais em conta a sua localização, o bairro em que está e a proximidade dos locais que pretendo visitar. No caso de ser um destino remoto, dou então mais importância ao conforto e paisagem em que está inserido.
O que procura essencialmente?
Gosto obviamente do conforto mas é o serviço que torna a experiência de facto inesquecível. Se um hotel tiver um serviço diferenciador fico logo cativado. Prefiro um hotel clássico e histórico a um moderno e sofisticado.
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Há alguma experiência em alguma unidade hoteleira que tenha mais presente?
Fiquei uma vez num hotel nas Seychelles cujo serviço nunca irei esquecer, o Maia Resort. Logo na reserva é enviado um questionário ao hóspede de forma a servi-lo melhor. Desde a escolha das almofadas até à música ambiente que pretendo ter na villa. À chegada é oferecida uma massagem num dos spas mais bonitos que visitei, envolto na selva. O hóspede é servido consoante o que lhe apetece fazer, não há horários, não há um menu fixo, não há “não é possível”… se quiser jantar às 02:00H no heliporto do hotel no topo da montanha, lá estará uma mesa à hora indicada. Se quiser comer uma francesinha, o chef irá preparar o prato mesmo que nunca o tenha feito, gostava que me fizessem o pequeno-almoço na vila, lá estará à hora marcada a equipa a fazer os ovos no jardim.
Estes são alguns dos muitos detalhes que nunca encontrei noutro hotel e que por essa razão continua a ser a referência que tenho para um serviço de excelência. Atualmente o hotel mudou de proprietários mas espero que mantenham a qualidade do serviço.
Sendo um conhecedor do Mundo, como percepciona a qualidade da oferta turística portuguesa?
Acho que em termos de qualidade de oferta e de serviços Portugal é excelente e está equiparado a outros destinos com um historial turístico maior. Temos muito bons hotéis, pessoal qualificado, experiências diferenciadas e acima de tudo somos muito hospitaleiros.
O que lhe dizem nas suas viagens quando percebem ou refere que é português?
Ronaldo! 🙂
O turismo em Portugal tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Tendo uma experiência vasta em viagens, quais considerem ser os pontos fortes do nosso país?
Apesar de sermos um país pequeno em dimensão, somos um país extremamente diverso, seja em paisagens, em tradições, na culinária, e com um rica e secular história. Aliado a isso temos um excelente clima durante quase todo o ano que facilmente conquista turistas do norte da Europa. Somos também um país seguro, estável e que sabe receber, penso que esses fatores também pesam muito na decisão dos turistas.
De que forma promove Portugal durante as suas viagens?
Tenho nas minhas redes sociais seguidores de inúmeros países. Sempre que posso viajo por Portugal e gosto de dar a conhecer, não só a estrangeiros mas também aos portugueses as razões pelas quais Portugal é um dos países mais bonitos do mundo
Além de um viajante, criou a agência de viagens Leva-me. Quer nos falar um bocadinho deste projeto?
Criei a LEVA-ME em 2016 de forma a poder proporcionar à minha comunidade de viajantes as mesmas experiência que partilhava nas redes sociais. Criei então uma agência de viagens com um conceito um pouco diferente, na qual sugerimos um destino, um programa, uma data e formamos um grupo que é sempre acompanhado por um líder de viagem. São viagens de aventura, com atividades por vezes um pouco diferentes, umas mais culturais, outras mais radicais. Começamos apenas com um destino, Marrocos e hoje temos 13 destinos que trabalhamos, levando mais de 400 viajantes por ano a explorar o mundo e a ter momentos inesquecíveis. Mais do que férias, organizamos momentos únicos.
Que balanço faz dos resultados obtidos até este momento?
Tem sido muito positivo, temos crescido bastante ao longo dos anos, embora queiramos manter a empresa pequena e “familiar”, dando mais ênfase ao serviço personalizado e especializado que prestamos aos nossos viajantes do que à quantidade de destinos que oferecemos. Temos viajantes que já fizerem quase todos os nossos destinos, e isso mostra que estamos no caminho certo.
A pandemia revelou-se desafiante para o setor do turismo. Como é que viveu este período?
Foi sem dúvida o momento mais desafiante que tivemos desde que abrimos a agência. Parte das nossas viagens tiverem de ser canceladas e a incerteza de quando poderíamos retomar foi desgastante, não só para nós, mas também para os viajantes que tinham expectativas de viajar. Felizmente, conseguimos ultrapassar estes dois anos desafiantes e hoje já retomamos todas a nossas viagens, exceto o Japão que continua muito restrito para turismo.
“Acho ótimo que as pessoas viagem, seja acompanhadas ou sozinhas. Parece-me que hoje em dia é cada vez mais difícil ter companhia para as viagens”
Pedem-lhe muitos conselhos sobre viagens?
Inúmeros e infelizmente não consigo responder a todos. Desde a sugestão de destinos, dicas de hotéis, de itinerários, restaurantes, atividades… Tento sempre partilhar nas redes sociais para que as pessoas possam guardar para quando necessitarem.
O conceito de viajar sozinho tem conquistado cada vez mais apreciadores. Qual é a sua opinião acerca desta tendência crescente?
Acho ótimo que as pessoas viagem, seja acompanhadas ou sozinhas. Parece-me que hoje em dia é cada vez mais difícil ter companhia para as viagens, cada pessoa tem a sua vida, diferentes datas de férias, diferentes interesses nos destinos e diferentes orçamentos. É normal que com a informação disponível online seja cada vez mais fácil uma pessoa aventurar-se sozinha. Na LEVA-ME grande parte dos nossos viajantes são pessoas que viajam sozinhas pelas razões que mencionei, mas juntam-se a um grupo de outras pessoas na mesma situação. É muito gratificante ver que para além de conhecerem um novo destino, conhecem também pessoas com interesses em comum e onde nascem novas amizades.
Quais são os seus objetivos profissionais?
Estou muito feliz com o que faço atualmente e assim pretendo continuar. Gostava de no futuro ter um boutique hotel em Portugal, mas para já é um desfio para o qual ainda não tenho tempo.
Enquanto viajante, o que é que falta fazer?
Tanta coisa, e ainda bem… Não sei ao certo quantos países visitei mas ainda tenho muito para conhecer e viver. Há muitas experiências únicas que felizmente já tive oportunidade de ter, mas certamente há coisas que me faltam, por exemplo, visitar a Antártida.