O interesse pela cozinha portuguesa tem sido uma constante na última década. Que reflexão faz sobre este fenómeno recente?
A alimentação mediterrânica é muito considerada internacionalmente pelos benefícios que tem para a saúde. E são estes os pilares da nossa cozinha! Temos uma cultura forte e ingredientes de qualidade – o peixe e o marisco da nossa costa, as vacas dos Açores, as amêndoas e as laranjas do Algarve, as cerejas do Fundão, o azeite e tantos outros produtos que poderia continuar a enumerar!
Temos ingredientes de muita qualidade, uma tradição culinária muito enraizada, muitas regiões com as suas iguarias, grandes chefs, tudo para que o mundo olhe para nós com vontade de conhecer e experimentar. O mundo tem que ter os olhos em Portugal!
De que forma perceciona a chegada de novos valores como a Inês?
Eu estou a voltar as nossas origens. Acredito nos pilares da alimentação mediterrânica e defendo que devemos ter no prato tudo o que os nossos avós reconhecem como alimento! Tudo o que estava nas suas mesas. Se procurarmos trabalhar com o ingredientes frescos e inteiros, mantendo e potenciando o seu valor nutricional, só temos a ganhar em preservar a nossa herança cultural! Isto associado às técnicas de cozinha dos dias de hoje é um mundo sem fim de oportunidades!
Na verdade é continuar este caminho de crescimento na cozinha, e de fusão de culturas que é incrível e fascinante! Mas procurar ter sempre o ingrediente no seu estado original …. Mais saúde no prato! Maior preocupação em preservar o nutriente.
Alguns exemplos: como a fermentação tem que voltar a ser obrigatória para o consumo de pão de qualidade. Um alimento tão bom! As fibras são tão importantes para a saúde do nosso microbioma, optar por cereais integrais (em vez de refinados), as frutas, os vegetais devem fazer parte das nossas rotinas alimentares. Manter a sopa sempre! Mas de tantas outra formas também. Pigmentar com beterraba (puré ou mousse rosa) espinafres ou algas como a spirulina (guacamole bem verde e com ainda mais valor nutricional). Pigmentar de forma natural em vez de adicionar corantes. Utilizar gorduras de qualidade como o azeite, mas ter a preocupação de apostar pelo minimamente processado – virgem extra vs refinado.
O alimento é informação que começa ao nível celular – o que ingerimos deve ter isso em conta! Comemos bem, vivemos com qualidade, por mais tempo. E enquanto chef e professora para mim é fundamental que o que sirvo e ensino ajude a caminhar no sentido da saúde! que nos faça sentir bem e viver no nosso melhor.