Está no elenco do espetáculo ‘Revista é Sempre Revista’. É uma estreia neste género?
Já trabalhei com o [Filipe] La Féria em várias produções, infantis, também fiz o ‘Amália’, mas nunca tinha feito revista. Apesar de ter nascido neste meio, os meus pais sempre fizeram, nunca tinha feito. É um orgulho imenso e uma grande experiência.
A imagem dos seus pais – José Raposo e Maria João Abreu – está muito associada ao género Revista , tendo acompanhado sempre de perto. Leva essa bagagem para o palco?
Sinto que tudo o que aprendi deposito em palco. Foi um grande benefício ter essa bagagem cultural da revista para depois por em prática.
Como é que se sente por pisar um palco que os seus pais pisaram tantas vezes?
Mais que peso e responsabilidade, traz-me uma fonte de carinho e orgulho estar no mesmo sítio onde eles estiveram. É o respeito que tenho, pisar o mesmo sítio que eles já pisaram. Quero sentir-me orgulhoso e dar o máximo que tenho ao público. Gosto muito do carinho da minha família e saber que os meus pais gostam daquilo que eu faço é do melhor que há.
Falou no presente.
Não é que me custe dizer que a minha mãe já cá não está, acho que não tem a ver com isso. Acho que ele estará sempre orgulhosa, mesmo que seja de uma maneira ou noutro formato.
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Chegou ao elenco da ‘Revista é Sempre Revista’ de forma inesperada.
Vim fazer a substituição de um colega nosso, o Filipe Albuquerque, que sofreu uma lesão. Espero que ele recupere rapidamente e volte para o palco. Por outro lado, sendo uma substituição vim com todo o gosto e carinho. Até gosto de fazer substituições porque estreia-se rápido. Eu gosto é de fazer para o público.
Como foi a preparação para subir ao palco?
Não houve grandes ensaios, foi tudo muito rápido. No meu caso, ensaiava uma cena durante três dias e estreava. Por ser revista há essa possibilidade também. Fui estreando quadro a quadro. O Filipe ia fazendo ainda alguns e saindo aos poucos. Se fosse uma personagem do início ao fim, não teria sido possível. Assim conseguimos fazê-lo.
Tem várias personagens no espetáculo. Há algum mais exigente?
Tenho números que são praticamente monólogos, que tenho de levar para a frente. Se eu não estiver com atenção absoluta aquilo vai abaixo. O número do Raul Solnado deu-me muito trabalho, mas dá um gozo muito grande fazê-lo. Tem um peso grande, não só pela homenagem que faço, mas pelo próprio boneco, que me obrigou a estudar bastante. O Zé Povinho é também muito giro e as pessoas identificam-se muito.
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O que procurou explorar na imitação de Raul Solnado?
Quando se faz uma imitação tem de ser ter sempre o cuidado de buscar os trejeitos da personagem para a identificar, mas temos de manter alguma essência, ser orgânicos, para conseguir tocar o público.
Que reações tem recebido do público?
Tenho tido reações fantásticas. As pessoas têm sido elogiosas ao mais alto nível. Falam-me muito do número do Raul Solnado, acham que o imito bem.
O espetáculo tem estado esgotado há vários meses. Qual é o segredo?
Este espetáculo é uma longa homenagem, por isso é que acho que as pessoas gostam tanto. Fala de vários nomes que são muito queridos ao público. Convido todos a vir, venham divertir-se, são duas horas e meia muito bem passadas. Um elenco cheio de talento.
Curiosamente alguns dos números que em palco estão presentes no documentário ‘História do Teatro de Revista em Portugal’, do qual fez parte. Qual foi a mais-valia dessa experiência?
Foi um projeto muito giro de fazer. Muitas pessoas e particularmente os jovens não conhecem a história da revista, a importância que teve e tem para o País. Fala-se sempre da revista como um teatro menor, mas tem uma importância muito grande para a nossa cultura.
O futuro do teatro de Revista está assegurado em Portugal?
Acho que se está sempre a inovar, mas temos também de nos pegar aos valores antigos, se não perdem-se os alicerces. O teatro é a humanização. É a aproximação das pessoas e às vezes falta isso, mas faço questão de lembrá-las.