Como está a digerir a vitória no Festival da Canção?
Na final foi aquele rebentar de emoções e foi um mix de muita coisa. Ainda fui festejar. Libertei o que tinha a libertar e festejar. No dia a seguir foi de família e depois voltar ao trabalho. Tínhamos de enviar muita coisa para a Eurovisão, então não deu para fazer muito mais.
A vitória embora surpreendente foi de alguma forma sendo uma possibilidade nos dias anteriores à Final. Percebeu essa atenção?
Eu apercebi-me do que se estava a falar até porque as pessoas mandavam-me imensa coisa pelas redes sociais. Fui-me apercebendo do feedback que a música estava a ter nas pessoas. Tinha a noção de que a vitória podia acontecer, no entanto, eu achei que não ia acontecer. Achei que seria o Edmundo Inácio ou eventualmente a Cláudia a vencer. Depois revelou-se o contrário e fique agradavelmente feliz.
Curiosamente, a votação do público e júri coincidiu ao fim de alguns anos de pouco consenso. Como se sentiu?
No fundo isso é perceber que de facto as pessoas gostaram da canção, tanto membros do júri que tem uma postura diferente do público. É perceber que a canção é transversal e atravessa géneros, gerações. É raro conseguir fazer uma canção que tenha esse efeito.
Esta era uma canção na gaveta.
Fiz esta canção há 10 anos e fui empurrando com a barriga até pegar nela. Pensei em dá-la a outras pessoas, porque nunca a vi como sendo para mim. O meu subconsciente foi empurrando e nunca a dei a ninguém. Nunca a mostrei até trabalhar nela. Tive uma data de tentativas frustradas, mas depois chegámos a um bom resultado.
No último momento da canção grita ‘Hey’. Trata-se de alguma referência à atuação das Doce em 1982 com o tema ‘Bem Bom’?
Calhou. Não foi de propósito. São coisas que gosto de ver nos finais, gosto de finais mais apoteóticos. Acho que merecia aquele ‘Hey’. Nem me lembrava que a atuação das Doce terminava da mesma forma. É engraçado, talvez tenha posto uma série de coisas que aconteceram já no ‘Festival’ de forma inconsciente. Ideias que nos ficaram. Isso é muito engraçado.
Agora vai mesmo representá-la na Eurovisão. Como está a ser a preparação para a atuação no certame em maio próximo?
Estamos a tratar das coisas para a Eurovisão. Tenho de fazer o videoclip. Não é obrigatório, mas era algo que gostava muito de te fazer. Tenho nos planos dentro de poucos dias começar a preparar as filmagens, mas ainda não consegui pensar no videoclip e reunir com a equipa. Vai acontecer. Já há algumas ideias, mas vai ser muito engraçado. Estamos a pensar em fazer alguma coisa diferente.
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As festas eurovisivas que vão decorrer nas próximas semanas até à Eurovisão são uma plataforma importante para a promoção das canções a concurso. Estará na festa em Espanha. Tem mais alguma data prevista?
Estou a contar a ir a três festas e se for a mais não vou conseguir trabalhar a atuação. Preciso também de ter tempo para os meus filhos. A primeira festa é já no dia 24 março em Barcelona. Eu acho maravilhoso, estou mortinho para lá chegar. Quero muito conhecer a representante espanhola, Blanca Paloma. Estou muito ansiosa para a poder conhecer.
Qual é a sua ligação à Eurovisão?
Mesmo sendo fã do festival raramente vejo os programas. Só via as actuações na internet. Nunca fui grande fã da Eurovisão. Isto de ir à Eurovisão representar Portugal é uma coisa recente, mas estou muito entusiasmada.
O que nos pode adiantar acerca da atuação na Eurovisão?
Vamos fazer um misto. Do lado mais intimista, sem perder a energia que temos, com aquela vibe cómica. Vamos tentar passar isso para o espectáculo e tirar o máximo proveito de todas as luzes, leds e pirotecnia. Vamos tentar otimizar a atuação que fizemos em Portugal.
Sente alguma pressão relativamente a resultados?
De todo. A minha preocupação é fazer uma atuação que seja memorável, que as pessoas pensem: ‘Isto é bom!’. Quero que as pessoas se divirtam quando estiverem a ver, quero aproveitar a experiência e potenciar a minha carreira ao máximo. O que vier por acréscimo, pontuação ou passar à final, será um bónus.
As reacções do estrangeiro à canção têm-se multiplicado no Youtube. Já viu algumas?
Vi alguns vídeos, não vi muitos. Daquilo que me têm dito, as reacções têm sido boas. Quero que as pessoas sintam essa sensação de crescente até ao final. Quando acabamos a atuação temos uma sobrecarga de adrenalina. Se isso passar para as pessoas, vai ao encontro daquilo que sentimos em palco.
Como tem sido o feedback do público em geral?
Tenho de agradecer a todos pelo apoio e pelas partilhas da música com os amigos no estrangeiro. E também a todos os que estão a torcer para que Portugal fique bem classificado na Eurovisão.