Lançou o primeiro disco a solo ‘Cheguei’ em dezembro passado. Como tem sido a receção?
Tem sido meses de muita felicidade e alegria. Concretizei aquilo que sempre quis fazer que era ter um disco meu e também ter tido a oportunidade de ter conhecido mais sobre aquilo que gosto musicalmente. Acentuar a minha história enquanto mulher, pelas histórias que passei e as pessoas que conheci. Explorei muitas coisas de mim mesma e estou muito feliz com o resultado final.
Quando é que começou a pensar neste disco?
Acho que este disco se foi materializando quando fiz 30 anos. Tive no Projecto Kaya que gostei imenso de fazer, onde explorei a minha africanidade. Foi ai que eu percebi que queria seguir esse caminho. No fundo, acho que sempre reneguei a minha africanidade quando era miúda, havia muito racismo, mas sempre foi algo que me tocou muito. Mais tarde, percebi que era aquilo que me fazia vibrar e que teria de fazer algo relacionado com as minhas raízes.
Este disco celebra a sua essência no todo.
Os meus pais nunca deixaram que a cultura angolana morresse. Sempre que quero ir a Angola vou ao Algarve, onde os meus pais vivem. Costumo dizer: ‘O meu fado é de Angola e o meu Semba é tuga’. Andei sempre nessas duas linhas e caminhei com muito cuidado.
Agora decidiu arriscar.
A maturidade dá-nos outra perspetiva da vida e faz-nos mais donos de nós. Acho que consegui ser dona da minha cabeça e ainda bem que o consegui. Passei por muitas narrativas e foi isso que me fez chegar aqui. Quem ouvir este disco vai conhecer a minha musicalidade e algumas histórias. Vou lançar um EP muito em breve que vai demonstrar muita coisa que tenho para dizer.
É uma novidade. O que é que aqueles que acompanham podem esperar?
Ainda não posso adiantar muito. É um mimo também para mim. É uma lírica menos filosófica e como o Bruno [de Carvalho] – o marido – costuma dizer mais real.
Esta sexta-feira – 24 de fevereiro – atua no Plano B, no Porto, e no sábado – 25 de fevereiro – , no B.leza, em Lisboa. De que forma está a preparar estas apresentações ao vivo?
Estou em ensaios. Um disco ao vivo leva sempre outra roupagem para crescer. Estou adorar a forma como eu e os músicos estamos a trabalhar os temas. Não consigo explicar em palavras. Está a ficar algo esplendoroso. Estes concertos vão ser uma celebração do meu trabalho como artista. Os temas têm muitas influências daquilo que eu fiz no passado.
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Estes locais foram escolhidos por algum motivo em especial?
Eu tenho muito público da zona Norte e eu não quero defraudá-los. E em Lisboa também tenho muitos amigos e pessoas que me acompanham. Fez-me muito sentido ter estes dois locais. Mais à frente, estarei no Algarve. Fica prometido.
Na publicação que fez a propósito destas apresentações falou acerca da sua passagem pelo Festival da Canção [em 2006 com as Nonstop]. Uma participação a solo está nos planos?
Tive um convite este ano para participar no ‘Festival da Canção’, mas não aceitei. No passado, após o término das Nonstop tive outro convite e também não participei. Eu gostei muito de participar. Fomos todas para a Grécia, foi brutal. Nunca me vou esquecer. Mas ainda não senti aquele chamamento para voltar. Se sentir, vou.
Está há 20 anos ligada à música. Parece haver agora um maior reconhecimento do seu trabalho. Sente isso?
É uma conquista de anos. Tenho público que vem comigo de outros projetos, mas é óbvio que a visibilidade que ganhei na passagem pelo ‘Big Brother Famosos’ fez com que houvesse uma maior quantidade de pessoas que me reconhecesse como Liliana e artista. Estou muito contente e acho que é muito positivo.
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Viveu o último ano debaixo de muitas atenções. De que forma perceciona este último ano?
Foi um tempo muito bonito, onde aconteceram coisas muito bonitas. Casei com o Bruno, cresci muito no campo do empreendedorismo. Dei a conhecer ao Bruno um lado mais espiritual. Acho que nos ajudámos mutuamente em lados que nunca tínhamos explorado.
Sente que a exposição compensou?
Eu não esperava que fosse tão grande. Eu pensei que iria ser algo mais tranquilo. Ia dar a conhecer aquilo que faço, mas nunca pensei quando deixei o programa que iria ter paparazzi à porta de casa. Quando comecei com as Nonstop tive muito exposta, mas não neste nível. Foi um bocadinho avassalador.