O que motivou a mudança para o estrangeiro?
Foram os estudos. Assim que acabei o 12º ano em Portugal, decidi que queria ir estudar fotografia para o estrangeiro. Ajudou o facto de o meu pai já viver em Londres e por isso mesmo a mudança com 17 anos foi mais fácil, do que se o fizesse sozinha.
De que forma percecionou a imagem de Portugal estando fora?
Para qualquer pessoa que sai do seu País, durante muito tempo muda-se um bocadinho a visão de todas as mais-valias do País. O sol, a comida, as pessoas. São coisas que eu sinto saudades diariamente e realmente quando vivia em Portugal não valorizava. Estou fora há 10 anos, quase 11, e foi assim neste contexto que comecei a valorizar do nosso País. Nomeadamente, a beleza, o quão amigável somos. O estilo de vida que temos é completamente diferente daquele que tenho em Londres.
Como descreve a sua experiência enquanto emigrante portuguesa?
É uma experiencia de altos e baixos, de grande aprendizagem. Mudei de país muito nova e acho que tive de me tornar independente muito rápido, às vezes sem querer. Apesar de ser portuguesa e vir de Portugal, tenho uma mistura de culturas. O meu pai é árabe. Assim que me mudei para Londres deparei-me com a mistura de três culturas e tive de aprender a lidar com tudo da melhor forma que sabia. Adorei os meus tempos de faculdade. Hoje em dia, no que respeita ao meu trabalho, como fotógrafa e na área do marketing, é muito desafiante.
De que forma mantém Portugal no seu quotidiano?
Faço-o de diversas formas. Costumo dizer: ‘Posso sair de Lisboa, mas Lisboa não sai de mim’. Todos os dias consumo muita música e televisão portuguesa. Os meus amigos estão sempre a brincar comigo, porque eu acabo por saber mais notícias de Portugal do que Inglaterra. Cozinho muita comida portuguesa.
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Profissionalmente tem tido várias experiências. Que balanço faz?
Tem sido um caminho muito desafiante. Comecei por trabalhar num cinema em part time, enquanto estudava. Quando terminei os estudos, comecei a trabalhar em Marketing Digital e Redes Sociais. Sendo uma fotógrafa freelancer, é muito desafiante. Nem sempre há trabalho. Há alturas fantásticas, outras nem tanto, como em tudo na vida. Portanto, acho que o mais importante foi encontrar outras ferramentas e perceber em que outras áreas é que estaria interessada e percebi que o Marketing Digital e as Redes Sociais eram uma possibilidade. Sempre utilizando os conhecimentos que tenho em fotografia. De momento, sou photographer self employed e trabalho em Marketing Digital com diversas marcas online.
Cruza-se com outros portugueses no dia a dia?
Cruzo-me com bastantes. Em Londres, há algumas zonas com muitos portugueses. Muito dos meus amigos aqui são portugueses. Falo diariamente português com os meus amigos e também família. No dia a dia, encontra-se sempre portugueses. Há sempre aquela piada: ‘Também és português’. É o género de união que trazemos enquanto emigrantes e que se manifesta quando nos cruzamos com outros emigrantes. Parece que é sentir um bocadinho de casa em Londres.
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O que perspetiva para o futuro a curto prazo?
Para este ano, o objetivo é continuar a focar-me na fotografia. Não quero deixar a fotografia de parte, mesmo tendo outros gostos profissionais. Quero focar-me nos meus projetos pessoais de fotografia para criar um nome e ter algo para quando olhar para trás sentir orgulho no meu trabalho.
Pondera um regresso a Portugal?
Sim. Não sei se agora, mas possivelmente no futuro. Gostaria muito. Depois de tanto tempo fora, as saudades são inevitáveis. Do País, da minha família e amigos. Adorava ter alguma experiencia de trabalho no meu País. Como saí muito nova, não tive muitas experiências de fotografia em Portugal. Gostava de voltar e explorar essa vertente.