Está no mercado da exportação de produtos portugueses há mais de duas décadas. Que balanço faz deste tempo?
Iniciei a importação de produtos portugueses em meados de 2000. O nosso objetivo quando criámos a Agribéria foi era o levar todo o tipo de produtos portugueses à mesa do consumidor francês. Queríamos democratizar o produto português e acho que tivemos uma boa iniciativa porque nos anos seguintes houve um crescimento grande do turismo francês em Portugal.
Cumpriu os objetivos propostos?
O objetivo era sair do mercado dito da saudade e entrar no mercado francês. França é um país de gastronomia e obrigatoriamente as pessoas querem provar coisas diferentes. É um país de vinhos onde muita gente pensa que não se vende e é precisamente o contrário. Temos regiões vinícolas em Portugal que podem consumir com muitas francesas. Quando chegamos ao mercado havia poucos vinhos portugueses na grande distribuição do mercado francês, estava mais segmentada ao mercado da saudade. O objetivo era abrir os nossos produtos aos 70 milhões de franceses. Hoje em dia, vemos nas cadeias de hipermercados franceses alguns vinhos portugueses.
A aposta passa atualmente pelo investimento em novos produtos?
De vez em quando, o povo português subestima-se. Temos uma gastronomia única com produtos de grande qualidade. O potencial é enorme porque temos um mercado de grande extensão e agora estamos a apostar nos nossos próprios supermercados com uma oferta muito maior. Estamos a expandir a nossa cadeia. Quando abrimos os primeiros supermercados tínhamos uma conotação muito portuguesa, depois mudámos tudo. Nós importamos produtos de vários países, mas 80 por cento dos produtos que vendemos são portugueses. Há 10/15 anos, nos nossos supermercados tínhamos 90 por cento de compradores portugueses e os restantes franceses. Hoje, está muito dividido. O português já conhece os produtos e marcas, queremos agora penetrar o mercado francês.
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De que forma perceciona a marca Portugal estando em França?
O mercado evoluiu muito. Portugal hoje é uma marca reconhecida. O francês já não vê Portugal como via há 20/30 anos. Temos o turismo, a história e a gastronomia. Fomos o País dos Descobrimentos e agora estamos na fase de ser descobertos e com grande admiração. Sempre que falo com empresários estrangeiros vejo-os sempre muito agradados com a visita a Portugal. O turismo completa o nosso trabalho. Ao atrairmos franceses a Portugal estamos não só a vender o País como a nossa gastronomia. É um setor muito importante para difundir os produtos portugueses.
De que forma Portugal pode alavancar a sua imagem no exterior?
Um evento como a SAGALEXPO é muito importante para internacionalizar os produtos portugueses e encontrar agentes e distribuidores nos mercados externos. Ajuda-nos a ganhar tempo. Em dois dias, conseguimos ver o máximo de parceiros comerciais e potenciais fornecedores para os mercados onde estamos presentes. É um evento profissional e tanto os produtores como distribuidores saem satisfeitos. Só isso faz a diferença em relação a outro tipo de eventos. Este permite-nos fechar negócios. Acho que os políticos devem estar presentes em eventos como a SAGALEXPO para sublinhar a importância da sua realização. A balança comercial de um país é muito importante. Podem ajudar a credibilizar este tipo de eventos e potenciar as exportações portuguesas.
A Quinta da Pacheca completou recentemente o décimo aniversário. Que balanço faz?
Quando comprei a Quinta da Pacheca, fi-lo para dignificar os vinhos portugueses e fazer deles os melhores do mundo. Ainda antes de comprar a Pacheca, soube através de um especialista francês que a região do Douro tinha um grande potencial para fazer os melhores vinhos do mundo. Sempre quis competir com os mercados internacionais. Foi sempre o nosso objetivo. Depois comprámos várias quintas e agora tentamos ter na nossa carteira vinhos de cada região portuguesa. Queremos exportar os nossos vinhos. Acho que falta desenvolver a parte de comunicação, porque de resto temos tudo. Vamos ultrapassar os líderes mundiais e ganhar dimensão internacional. Temos de deixar para trás a ideia de ‘Portugal nos pequeninos’. Dada a dimensão do nosso país, temos de vender qualidade e temos tudo para isso.
O Turismo ajuda-nos muito a promover os nossos vinhos, em especial no Douro. O turista americano que está a descobrir Portugal, a região do Douro e também os vinhos. É um bom turista que está disposto a pagar o preço justo pela qualidade.
O que é que se segue para este novo ano?
Temos mais hotéis a inaugurar neste novo ano em várias regiões. Temos vários projetos no ramo da hotelaria e também no mercado dos vinhos. Temos as equipas a trabalhar para que tudo corra pelo melhor.