A Indústria de Moldes enfrentou, nos últimos anos, um período desafiante para a sua organização e sustentabilidade. Num primeiro momento, fomos confrontados com a indefinição verificada na indústria automóvel (o maior cliente do sector, representando mais de 70% da produção), quer ao nível dos sistemas de propulsão, quer dos novos conceitos de mobilidade que originaram uma significativa quebra nas encomendas e, consequentemente, na atividade das empresas.
Esta conjuntura foi, posteriormente, ampliada e agravada pela pandemia, levando ao cancelamento de encomendas e adiamento de muitos projetos, o que provocou, no sector, constrangimentos económicos, financeiros e sociais, para além de uma significativa redução da procura e dos preços de venda, resultando numa concorrência mais aguerrida.
O início de 2022 apresentava uns primeiros sinais de retoma e uma inflexão desta situação com o retomar de vários projetos, ainda que longe da situação vivida na década pré-pandemia. No entanto, o surgimento da guerra Rússia – Ucrânia gerou novos efeitos negativos na economia e exponenciou outras situações em que se destacam o aumento de preços e redução da disponibilidade das matérias-primas, o aumento dos custos energéticos, da inflação e das taxas de juro, elementos que limitam fortemente a competitividade do sector e a recuperação face aos últimos anos.
Neste contexto de grande indefinição e instabilidade, as empresas têm que olhar para dentro e perceber como poderão fazer melhor, sendo mais eficientes e definindo uma estratégia clara de abordagem ao mercado. Inovação, otimização, tecnologia, cooperação e, principalmente, pessoas, serão palavras-chave neste processo.
Teremos que valorizar o talento e a experiência dentro das nossas organizações e, simultaneamente, atrair e integrar novas competências das quais possamos tirar o máximo rendimento da tecnologia disponível. Apenas com talento poderemos inovar e otimizar processos, tornando as empresas mais competitivas, sustentáveis e diferenciadoras. As pessoas e o seu saber são a base para gerar confiança junto de clientes, mas também junto de fornecedores e concorrentes com quem possamos dinamizar ações de cooperação que reforcem o nosso posicionamento e o nível de serviço que poderemos oferecer ao mercado.
São muitos e complexos os desafios que enfrentamos, pelo que será cada vez mais importante ganhar dimensão, massa critica e poder negocial para sermos competitivos. Dada a dimensão média das nossas empresas, tal será apenas possível se tivermos a capacidade para nos juntarmos, para encontrarmos elementos agregadores e para definirmos objetivos comuns que entroncam com estratégias individuais. Todos temos a ganhar se soubermos partilhar experiências e saberes, trabalhando conjuntamente e de forma concertada para conseguir benefícios comuns e, essencialmente, uma indústria mais forte e competitiva.