Conta com uma vasta experiencia profissional e um leque de projetos variadíssimos. Consegue recuar no tempo e sinalizar o início de tudo?
O Aquapura Douro Valley Hotel marcou o nosso início. Foi um hotel muito importante para nós. Foi falado por todo o lado, no Mundo e no País. Era um hotel diferente, que se gostava ou não se gostava. Não havia meio-termo. Foi um hotel que nos deu muito trabalho. Fiz muitas viagens para arranjar coisas para o Aquapura. Lembro-me que fazia coisas por mim. Tinha tanta certeza de que as coisas iam ficar como eu gostava que arrisquei muito. Tivemos um produto muito bom, que nos pôs em muitos lugares que estamos hoje em dia. Depois tivemos o Fontana Park. Na altura, era um produto completamente diferente. Ganhámos vários prémios. Foram os dois grandes projetos daquela época, depois seguiram-se outros. O Aquapura tem hoje outro nome, teve algumas modificações, mas mantém a base. É a nossa base que está lá.
De que forma se desenvolve o processo de trabalho até ao resultado final?
Primeiro, temos que reunir com os donos do hotel, perceber a quem se dirige, o tamanho e a localização. Se é de quatro ou cinco estrelas. Temos de perceber a essência do projeto. Depois, começamos a trabalhar. Fazemos uma apresentação ao cliente. Temos de perceber se o cliente quer um projeto completo, que envolve o projeto de interiores, decoração e execução. Além disso, nós também somos fornecedores. Temos a nossa empresa, a N116, e fornecemos os equipamentos para os hotéis. Tudo vai depender do formato que o cliente quer e é para esse formato que trabalhamos. O cliente pode sempre pedir para fazermos um anteprojecto para percebermos se as ideias estão certas. Fazemos o conceito. O cliente decide e a partir daí seguimos com o projeto.
“É um prazer para nós fazermos trabalho em Portugal porque de facto é o nosso País como é igualmente prazeroso fazer no estrangeiro”
Há alguma diferença entre fazer um hotel em Portugal e no estrangeiro?
O trabalho é o mesmo. Dá tanto trabalho fazer em Portugal como fora. É um prazer para nós fazermos trabalho em Portugal porque de facto é o nosso País como é igualmente prazeroso fazer no estrangeiro. É uma honra para nós sermos chamados para locais onde há arquitetos e designers fantásticos. Fomos convidados para fazer um projeto em São Paulo, onde há arquitetos e designers ótimos. Honra-nos muito.
Há uma valorização acrescida do trabalho.
Trabalhamos com grandes cadeias internacionais como a Accor, Hilton ou a Marriott. São cadeias muito grandes que abrangem muitos hotéis com vários brands. Para nós, estarmos na pull desses hotéis é muito importante. Se nós não estivermos na pull, por muito bom que sejamos não podemos fazer esses projetos, porque não estamos nessas cadeias.
O que distingue um hotel com assinatura Nini Andrade Silva?
Costumo dizer: ‘Nos hotéis, o importante é o que se sente e não que se vê’. Para chegar ao que se sente é preciso fazer um bom trabalho. Sei de pessoas que viajam pelos nossos hotéis e conseguem identificar que são uma obra do Atelier Nini Andrade Silva. Apesar do desenho ser diferente, o que se sente é o conforto. Consegue perceber-se que é do nosso Atelier e isso é muito importante. Fizemos nove hotéis na Colômbia, que são muito diferentes uns dos outros, e as pessoas entram e percebem que é obra nossa. Deixamos um pouco da nossa alma pelo Mundo fora.
“Somos transversais ao tempo. Fazemos obras diferentes e que permanecem por muito tempo. Acho que é isso que os clientes procuram”
Consegue identificar as características que tornam as suas obras únicas?
Acho que quando se entra num projeto com assinatura do Atelier Nini Andrade Silva há sempre alguma magia no ar. É como entrar num palco. Os nossos projetos têm muito a ver com cenário. Tenho hotéis em Portugal que fiz há mais de 15 anos e continuam iguais. As pessoas entram nos hotéis e ainda tiram fotografias. É o reconhecer do trabalho que foi feito.
É como dizia a Coco Chanel: ‘A moda passa, mas o estilo não’. Acho que temos um estilo próprio e é isso que é importante. Somos transversais ao tempo. Fazemos obras diferentes e que permanecem por muito tempo. Acho que é isso que os clientes procuram. Um cliente que faz um hotel quer este seja mantido. Não é preciso estar sempre a mudar para estar bem. Para isso, gasta-se muito dinheiro. Manter um hotel é mais fácil.
O que é procurar transmitir com os seus projetos?
Acho que a vida tem de ser vivida bem, com alguma fantasia. É a minha maneira de viver. As pessoas quando entram num hotel têm de ter alguma coisa de diferente. Até mesmo em viagens profissionais. A pessoa passa o dia a tratar de negócios, quando chega ao hotel quer sentir-se bem. As pessoas quando escolhem a cadeia onde querem ficar também sabem para que hotel é que vão.
Qual é hoje a importância dos prémios após várias distinções?
Quando recebemos os primeiros prémios a euforia era enorme. Porque receber um prémio internacional era muito importante. Hoje em dia, os prémios são recebidos e entendidos como estarmos no caminho certo e que vamos ter mais trabalho. Quando fazemos um hotel e é premiado, as revistas nacionais e internacionais contactam-nos. Essa publicidade custa muito dinheiro e neste caso é espontânea, porque as pessoas querem entrevistar-nos. É uma mais-valia para os nossos clientes, que têm uma publicidade direta sem custos. Há um retorno contínuo.
Está com vários projetos em curso. Quer-nos adiantar alguma novidade para breve?
Vamos acabar um hotel no Brasil em 2023 em que estamos a trabalhar há quatro anos e vai ser muito importante. Temos vários projetos em Portugal, na Comporta, no Algarve e na Madeira. Estamos com projetos em vários lugares do Mundo. Temos hotéis que vão abrir este ano e outros que já estão em curso.
Pode ler a entrevista completa na edição digital da VEJA Portugal aqui.