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“Figurar no top 10 de principais fabricantes de moldes para a injeção de plásticos solidifica a centralidade de Portugal”

Qual o peso da indústria de moldes para as exportações portuguesas?

O valor das exportações da indústria de moldes nacional registou, no ano de 2020, 566 milhões de euros.

A vocação exportadora desta indústria é muito relevante para a economia nacional, exportando cerca de 85% da sua produção. O setor viveu uma década forte, de elevado crescimento, contribuindo positivamente para a nossa balança comercial.

Em 2010, o setor registava cerca de 200 milhões de euros em exportações, no ano de 2020, volvidos 10 anos, superava, em larga medida, os 500 milhões de euros em exportações.

De que forma se traduzem as receitas obtidas através da exportação destes equipamentos para a Economia portuguesa?

Estes números representam a vitalidade, incorporação tecnológica, formação de recursos humanos, posicionamento de marca e o crescente valor acrescentado que a indústria incorporou.

As receitas são somente um indicador da valia deste setor para a economia portuguesa. O caminho trilhado, a aposta na tecnologia, inovação e ciência, são, talvez, a maior valia para o perfil de especialização da economia portuguesa e para o crescente reconhecimento internacional dos produtos industriais «made in Portugal».

Segundo a CEFAMOL, Portugal encontra-se na 8º posição a nível global entre os principais fabricantes de moldes para a injeção de plásticos. É uma posição relevante?

É uma posição muito relevante. Os produtos nacionais e a nossa indústria estão, cada vez mais, reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade, principalmente nos mercados mais exigentes. Na minha presença em feiras internacionais, como a Hannover Messen ou a IMTS Chicago, consigo perceber que as nossas empresas têm uma posição de maior relevância, traduzindo-se em negócio e investimento. Figurar no top 10 de principais fabricantes de moldes para a injeção de plásticos solidifica a centralidade de Portugal e é um indicador muito positivo quando se discute, na Europa e no mundo, a reconfiguração das cadeias de distribuição.

“Os produtos nacionais e a nossa indústria estão, cada vez mais, reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade, principalmente nos mercados mais exigentes”

Que incentivos ou estratégias estão em curso para potenciar esta posição?

A estratégia para potenciar esta posição é clara e está plasmada nos clusters de competitividade, onde o cluster Engeneering and Tooling, dedicado aos moldes, tem grande centralidade.

Colaboração entre as empresas, academia e agentes do conhecimento para ganhos de escala, incorporação de ciência nos produtos desenvolvidos, formação e emprego de quadros altamente qualificados, excelência da nossa engenharia e patenteamento dos novos produtos são, claramente, os desígnios a seguir para os anos vindouros.

O que se perspectiva no futuro para o setor dos moldes e plásticos?

Perspetiva-se uma contínua solidificação da nossa posição internacional, o reforço do perfil de especialização, maior sustentabilidade ambiental, um maior número de patentes, quadros cada vez mais qualificados nas empresas, maior incorporação de ciência e conhecimento e um trabalho cada vez mais colaborativo para ganhos de escala. Tal traduzir-se-á em maior volume de exportações, uma maior diversificação dos mercados, maior volume de negócios e mais receitas.

As regiões da Marinha Grande e Oliveira de Azeméis acumulam grande parte das indústrias do setor. De que forma o Governo acompanha o trabalho desenvolvido nestas geografias?

O Governo olha atentamente para a indústria nacional e os seus setores como um todo. Tanto a Marinha Grande como Oliveira de Azeméis são importantes polos industriais. A articulação com as delegações do IAPMEI, as autarquias locais e as respetivas CIM são uma constante no nosso dia-a-dia. Monitorizamos, no terreno, num trabalho diário entre organismos públicos, associações empresariais e empresas, as necessidades do território e dos diferentes ecossistemas. Contudo, não posso deixar de salientar o papel positivo que ambas as geografias têm para a pujança da nossa indústria, que visito com muita frequência.

“A situação do nosso país e da nossa indústria é, hoje, muito mais resiliente do que em décadas anteriores”

A questão da inflação e escassez de resposta atempada às compras de equipamentos para as empresas já pairam sobre o setor. O que se pode esperar para os próximos meses?

A situação de disrupção geopolítica e, subsequentemente, das cadeias de distribuição aconselha-nos cautela. Os indicadores macroeconómicos das principais economias europeias para o próximo ano aconselham-nos, também, prudência. No entanto, a situação do nosso país e da nossa indústria é, hoje, muito mais resiliente do que em décadas anteriores. O Governo acompanha atentamente a situação das empresas do setor e, à medida das necessidades, tomaremos as iniciativas necessárias.

Qual é a posição do Governo nesta matéria?

Pese embora o olhar prudente e cauteloso para a evolução da economia mundial, não podemos parar na nossa aposta estratégica de qualificar cada vez mais a nossa cadeia de valor, continuar a aposta na incorporação tecnológica dos nossos produtos, na absorção de trabalhadores cada vez mais qualificados e na mobilização do setor para ganhos de escala e competitividade. Isso é um desígnio inabalável e, independentemente das circunstâncias, para manter.

Pode ler a entrevista completa na edição digital da VEJA Portugal aqui.

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