O próximo ano de 2023 apresenta-se já como desafiante para Portugal. Os acontecimentos em curso – guerra entre a Rússia e Ucrânia e inflação – estão a marcar a agenda e alterar objetivos. Portugal não foge à regressa e começa já a definir muitas das propostas para levar a cabo no decorrer dos próximos meses. Na pasta da agricultura e alimentação há metas ambiciosas.
O Governo propôs-se a atingir 38% de produção própria de cereais, nomeadamente, o milho com 50%, os praganosos com 20% e o arroz com 80%.
“São metas muito exigentes”, afirmou a Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, reforçando que a medida tem como objetivos “a redução da dependência externa, o aumento das áreas de produção, a criação de valor para a fileira dos cereais e a visibilidade para todo o território.”
Para fazer frente às exigências da proposta, o Executivo apresentou diversos apoios para que as respetivas entidades responsáveis pela produção de cereais aderissem às ajudas.
Embora a intenção política tenha em definido metas rigorosas, há outros factores com forte impacto, nomeadamente, a seca e a resposta da produção.
Entre 2020/2021, foram produzidas 189,2 mil toneladas, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O valor de produção de cereais foi classificado como um dos mais baixos dos últimos 35 anos – à execeção das campanhas de 2005, 2011 e 2012.
A seca é um dos principais motivos para os números obtidos e que ficam muito aquém do expectável e do desejado pelo Governo.
As previsões do INE dão conta que a atual campanha inverno deverá ser a segunda pior dos últimos 105 anos. As quebras de produção poderão atingir valores na ordem dos 15 e 30% nos cereais.