O que motivou a mudança para o estrangeiro?
Em 2017, tive a oportunidade de fazer um intercâmbio jovem através da associação vizelense VIA e do projeto Erasmus+ que me abriu fronteiras e me fez refletir que o mundo era muito mais do que aquilo que as outras pessoas a minha volta o pintava. Convivi com jovens do Afeganistão, polacos, marroquinos, espanhóis, alemães… Foi um melting point como costumo dizer que me fez perceber que as diferenças que os media, filmes e até a própria escola desenham não são tão difíceis de superar ou suportar.
No início do ano a seguir, candidatei-me através do projeto Mobilidade do Instituto Politécnico de Bragança a frequentar um ano letivo em Macau. Em Agosto de 2018, estava a entrar num avião, sozinha, para o Oriente, para o desconhecido, com as expectativas altas (como sempre) e cheia de adrenalina. A partir dai, percebi que apesar de amar o meu país, o meu lugar não era em Portugal. Entretanto, já passei pela Ásia, Médio-Oriente – Dubai – e agora estou nos EUA, inicialmente em Nova Iorque, agora em Miami.
Como descreve a sua experiência enquanto emigrante portuguesa?
Ser emigrante é ter pessoas a perguntar-me a toda a hora qual e a minha nacionalidade e ouvir elogios acerca de Portugal a toda a hora. A parte de ter de deixar a família e amigos em Portugal, os pastéis de nata e o conforto de estar em casa, adoro ser emigrante portuguesa. Adoro a liberdade de explorar um país novo e completamente diferente do meu, conhecer pessoas novas. Sinto quase como se fosse um restart [recomeçar, em português] todas as vezes que troco de país. E um privilegio também. Mesmo sendo uma mulher na casa dos 20 anos a viver sozinha posso afirmar que raras foram as vezes que me senti insegura ou em situações de perigo.
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De que forma mantém Portugal no seu quotidiano?
Adoro cozinhar comida portuguesa, falo português todos os dias com a minha família e tento acompanhar um programa de televisão portuguesa.
Profissionalmente tem conseguido viajar um pouco por todo o Mundo. O que é que esta experiência lhe tem acrescentado?
Crescimento, sabedoria e uma casa em qualquer cantinho do mundo. Não é o processo mais fácil ter de encarar todos os dias uma realidade que não nos e familiar, que temos de nos adaptar. E ao fim de um ano, por exemplo, perceber que passamos por momentos que nos fizeram querer desistir, voltar para o nosso país, mas ultrapassamos e agora estamos mais fortes e uma imensa gratidão. Além disto enriquece o nosso conhecimento que não se aprende nos livros, não se é ensinado, mas sim absorvido pela experiencia. Uma das coisas senão a mais importante são as famílias que deixei um pouco por toda a parte, pessoas que me eram desconhecidas há 5 anos e que foram essenciais para que o meu processo fosse bem-sucedido.
“Amo o meu País, mas não pondero voltar a viver em Portugal”
Cruza-se com outros portugueses no dia-a-dia?
Neste momento, é raro cruzar-me com portugueses. Quando vivi no Dubai e em Macau tinha portugueses que eram a minha família. Passámos o Natal juntos, que me aceitaram nas suas casas como parte delas, que me receberam e apoiaram de uma forma incrível e que sem dúvida tenho e terei uma divida eterna de gratidão para com essas pessoas.
O que perspetiva para o futuro a curto prazo?
Neste momento, sinto que estou na melhor fase da minha vida, tenho o trabalho dos meus sonhos – sou modelo plus size – vivo em Miami e apesar de ter muita vontade de voltar aos sítios onde fui feliz, vou continuar por aqui nos próximos tempos.
Pondera um regresso a Portugal?
O único regresso a Portugal que imagino será para visitar a família. Amo o meu País, mas não pondero voltar a viver em Portugal.