Qual a importância do setor da pedra para Porto de Mós?
O setor dos recursos minerais é muito importante, quer pela extração da pedra natural, quer pela transformação. Este é um concelho que tem como motor da sua economia estes dois importantes recursos.
Por outro lado, o setor torna-se ainda mais importante na parte da transformação. É exatamente a transformação que acrescenta valor ao produto e à economia. Este é um setor fundamental para nós. Estamos de braços dados com os empresários, até nas preocupações nas zonas de intervenção com potencial que, neste momento, não é possível de avançar para exploração. Existem outras áreas que estão a ser equacionadas. Portanto, estamos a trabalhar toda esta área em conjunto com a Assimagra.
O município de Porto de Mós está perfeitamente alinhado com todo o setor. Queremos transformá-lo para torná-lo melhor e mais rentável. Sendo mais rentável é inevitavelmente mais dinâmico economicamente para o concelho, mas também para a região. Estando em Porto de Mós centrado um dos principais polos de extração, este é um município de portas abertas à região, quer na dinâmica do setor, quer no apoio destas áreas.
Que projetos estão atualmente em curso para dinamizar o setor?
Relativamente à exploração da pedra natural, nós, neste mandato, concluímos processos de ordenamento do território com os planos de intervenção em espaço rural, que são planos que classificam e definem critérios para a exploração.
Em território de parque natural, nós fomos o primeiro em parque natural a ter definidos esses espaços. No concelho de Porto de Mós temos definidos quatro espaços. Portanto, quatro planos para exploração. Iniciamos procedimento no Alqueidão da Serra para um quinto espaço para exploração da pedra preta para a calçada portuguesa.
Para nós, este setor tem esta importância e relevância ao ponto de definirmos e estarmos do lado de quem explora, de forma a estabelecer os critérios para puderem explorar de forma legal, sem atropelos e sem problemas ambientais, cumprindo obviamente as regras.
Está em curso a criação de um Centro Tecnológico para apoiar o setor. Qual é o atual ponto de situação deste projeto?
O ano passado assinámos um protocolo com diversas entidades com o objetivo de criar em Porto de Mós um centro tecnológico para os recursos minerais. Ele está criado. Vai ser instalado de forma a Porto de Mós ter um centro, mas também para que a partir de Porto de Mós se possam desenvolver um conjunto de ações na área da inovação e da investigação para auxiliar todo o setor.
Esta é a nossa missão, facilitar e encontrar soluções para que o processo seja cada vez mais amigo do ambiente e eficaz. Quando falo de eficácia, falo de economia circular. O município de Porto de Mós é o único que integrou uma das candidaturas às agências mobilizadoras, precisamente do setor da pedra, para equipar todo o Centro Tecnológico no sentido de vir a auxiliar na modernização e apoiar o setor da extração e da transformação.
Já há datas para a abertura deste espaço?
Estamos um pouco dependentes da aprovação da nossa candidatura às agências mobilizadoras. O investimento é muito significativo.
Qual é o valor do investimento?
O investimento total da candidatura ascende a 60 milhões de euros. Aquilo que está indicado na candidatura e que foi identificado para aquisição de equipamento para funcionamento da estrutura ascende aos 1,2 milhões de euros.
De que forma é que o Município está a contornar a espera pela aprovação da candidatura?
Estamos a adiantar processos. Este processo do Centro Tecnológico tem como parceiros o Instituto Superior Técnico, o Cluster dos Recursos Minerais, a Assimagra e a Quercus. É um processo que nós queremos que seja de envolvimento transversal à comunidade. Os exploradores são empresas e pessoas estão muito preocupados com as questões ambientais. Eles são os primeiros a terem uma quota parte de responsabilidade, quer em apresentar bons projetos de recuperação de pedreiras, quer no processo de as recuperar.
A questão ambiental tem provocado algum alvoroço em torno do setor.
Naturalmente que o território não fica igual. Temos de ter essa compreensão. No entanto, o território precisa da dinâmica economia e precisa também dos seus recursos naturais. É dentro deste espírito que hoje se posicionam os empresários, que querem acrescentar valor ao território.
A Assimagra tem alertado para a falta de mão de obra do setor. Quais são as iniciativas em curso por parte do Município de Porto de Mós para contrariar esta tendência?
O setor da transformação como tido uma evolução muito grande e precisa cada vez mais de pessoas aptas a mexerem em instrumentos de tecnologia avançada. As coisas não sendo fáceis têm acontecido. Em Porto de Mós temos um curso profissional no Instituto Educativo do Juncal de Mecatrónica. Deste curso têm saído pessoas para trabalhar no setor da pedra, nomeadamente na área da transformação.
Relativamente, à exploração é mais difícil, devido à evolução tecnológica, à importância de ter pessoas qualificadas, a própria dureza do setor, tem contrariado aquilo que é a nossa vontade.
Devo dizer-lhe que em conjunto com o Politécnico de Leiria já foi aberto um teste intermédio em Porto de Mós para o setor da pedra e ficou deserto. Não houve interessados. O próprio Instituto Educativo do Juncal já tentou abrir cursos profissionais no setor da pedra que não tiveram sucesso.
Qual é a solução?
Neste momento, estas dificuldades têm sido colmatadas com recurso à emigração.