Como é que perceciona a elevada procura pelos vinhos da região?
Verifica-se de facto um dinamismo recente da região de Lisboa, que duplicou as vendas nos últimos cinco anos. São colocadas no mercado 65 milhões de garrafas ao ano. É a região do país que mais cresce em termos absolutos durante esse período. É a região do país onde mais de 80% da produção é exportada para mais de 100 países diferentes.
Quais considera serem os pontos fortes das produções de vinho da região de Lisboa?
É uma região onde há um esforço de investimento imenso ao nível das vinhas – plantação de novas vinhas e restruturação das vinhas mais antigas. Temos vinhas mais bem instaladas e com as castas mais novas que o mercado está a pedir – castas portuguesas e também internacionais. Esse dinamismo nas vinhas reflete-se na qualidade das uvas e do vinho. Há um reconhecimento nacional e internacional daquilo que é qualidade do vinho da região.
Há algum traço distintivo dos vinhos da região de Lisboa para os demais?
Esta região começa em Lisboa e estende-se até Pombal. São cerca 150 quilómetros na vertical, mas em largura não ultrapassa os 40 quilómetros. Estamos falar de uma região com uma for[1]te influência do Oceano Atlântico e isso marca o perfil dos vinhos da região. Há aqui condições de excelência e diversidade muito grandes. É sempre possível encontrar um perfil de vinho que o comprador internacional esteja à procura.
De que forma a CRV Lisboa tem apoiado os profissionais do setor e as respetivas produções?
Podemos dividi-lo em dos níveis: 1) Credibilidade da marca, que significa controlo e certificação. Temos que garantir que aquilo que aparece na garrafa é realmente aquilo que ostenta o selo de Lisboa, que a uva é da região e foi feito de acordo com as condições técnicas exigidas; 2) Promoção no mercado interno e mercado externo. Temos de ter um foco muito grande na pro[1]moção internacional. Trabalhamos de muito perto com ViniPortugal, a associação interprofissional do setor, para alavancar as ações que fazem no mundo inteiro.
Quer especificar algum mercado?
Posso dizer-lhe que estamos em quatro continentes. Estamos com ações na Rússia, Brasil, Suíça e Canadá. Sentimos que há muita atenção pela região de Lisboa. Há muita procura sobre o que é o território e os vinhos da região. Estamos a aproveitar esse interesse demonstrado.
Quais são os desafios e objetivos a curto prazo?
Acho que já é tempo de afirmar Lisboa em Portugal e na própria região. Estamos a apostar muito no enoturismo, que ajuda a projetar a região.
O Enoturismo é o futuro?
Acreditamos que o Enoturismo vai ajudar-nos a crescer no futuro. Temos uma vantagem de estarmos perto da cidade de Lisboa. É normal que o turista queira conhecer a capital, mas também queremos convidá-lo a sair da cidade e aumentar a permanência em dois/três dias na própria região. Sentimos essa apetência do público mais conhecedor e de outro não tanto.
Há números já a traduzir essa tendência?
No verão e a seguir ao verão já estávamos com um ritmo de retoma do enoturismo muito interessante. Muitas adegas estavam já com muitas reservas diárias. É difícil avançar com dados, mas há uma oportunidade de crescimento muito grande. O enoturismo vai potenciar a venda nas adegas e a própria atividade de enoturística nas adegas. É outro negócio que vem reforçar a rentabilidade dos produtores.
Quais considera serem os pontos mais fortes e atrativos da região de Lisboa?
Não há se calhar paralelo em nenhuma região no mundo a qualidade da capital que temos hoje. Tem praia e surf de classe mundial. Um património histórico ímpar. As montanhas. Tem vinhos fantásticos e uma gastronomia espetacular. De repente, não consigo lembrar-me de nenhuma outra região que consiga reunir todas estas valências e isso é muito positivo.