Quais os projetos em curso na área do Urbanismo na cidade de Lisboa?
Gostava de realçar o programa que estamos a desenvolver – À Vida no Meu Bairro – é uma aplicação do conceito da cidade dos 15 minutos, em que tem as funções do bairro: espaços verdes, comércio, ensino, cultura e saúde, muito próximos dos cidadãos, para que possam realizá-los no raio de ação de 15 minutos.
Quais os desafios que estão associados ao Urbanismo e a Lisboa?
Numa primeira fase vamos perceber que há bairros que não vão ter o jardim, outros não vão ter um espaço cultural, e, simultaneamente, vamos intervir na parte das funções do bairro e ao mesmo tempo no espaço público, melhorando a mobilidade suave. Este é um dos projetos que estamos a fazer avançar. Estamos a mapear onde estão as escolas, centros de saúde, os jardins, espaços culturais, zonas de comércio e depois tentar identificar zonas em que estas cinco funções estão mais ou menos próximos e aí vamos para a parte do espaço público e perceber se as ligações entre elas promovem a mobilidade suave.
Quais são as propostas da Câmara Municipal para as cidades dos 15 minutos?
Há três conceitos chave nas nossas propostas de cidade: 1) Proximidade: o investimento ou projetos, privados ou públicos, criem valor para as comunidades onde se inserem. Junto dos investidores temos tentado envolver as pessoas, as histórias do bairro, para que os seus projeto se insiram na vivência do bairro; 2) Diversidade: garantir uma variedade de serviços e inclusivamente na própria oferta de habitação; 3) Equilíbrio: há uma intervenção nas zonas esquecidas da cidade para equilibrar as zonas que têm tido muito investimento nos últimos anos.
Vamos intervir na parte das funções do bairro e ao mesmo tempo no espaço público, melhorando a mobilidade suave”
Lisboa é hoje uma cidade mais futurista do ponto de vista urbanístico?
Acho que toda a intervenção no espaço público tem vindo a melhorar. Com este novo programa queremos trazer a sensação de que através numa intervenção no espaço público ao nível do bairro possa trazer outra dinâmica, outra vida. Houve uma grande melhoria, mas ainda há muito para fazer.
Há medidas concretas com soluções a curto prazo?
Vai haver um investimento no Metro, que vai permitir que as pessoas utilizem mais o transporte coletivo. Uma das medidas da Câmara de Lisboa é ter transportes gratuitos para os jovens, para que desde cedo se habituem a andar mais de transporte público e menos de privado. E depois há toda a mobilidade suave das ciclovias. Vamos analisar toda a rede existente e a ideia é continuar apostar numa rede ciclável, na mobilidade pedonal e no transporte público. Qualquer cidade europeia tem estes objetivos.
Quais os principais constrangimentos na cidade em relação ao ordenamento urbanístico?
Há uma parte oriental da cidade que tem muito por fazer, entre armazéns abandonados e zonas de degradas. Vamos avançar na zona do Vale de Santo António, Chelas, nos armazéns mais junto ao rio. Temos várias zonas sinalizadas para organizar o trabalho e avançar. No fundo, construir a cidade com as pessoas e para as pessoas. Apoiamos todas as iniciativas que envolvam as pessoas na construção, no cuidado da cidade. Haja mais destas.
Vai haver um investimento no Metro, que vai permitir que as pessoas utilizem mais o transporte coletivo”
Lisboa tem hoje os espaços verdes suficientes para a população?
Acho que não. É necessário continuar a ter mais espaços verdes. Uma das ideias do programa – é que cada bairro tenha um jardim. Nem sempre é possível ter um jardim, mas era importante ter uma árvore na praça, por exemplo. No plano de urbanização que estamos a fazer para o Vale de Santo António temos prevista a criação de um parque urbano. Isso é uma preocupação das intervenções da cidade moderna, que existirão zonas verdes, que dêem para passear e que ter a sensação de que há muito verde à volta.
De que forma a questão ambiental está presento nos projetos urbanísticos em curso?
Os temas ambientais que tenho estudado e ouvido mais nos meus projetos passam sobretudo pela mitigação dos impactos das zonas de calor e de outros efeitos relacionais com as alterações climáticas. A preocupação com a introdução do arvoredo, que cria percursos de sombra. Nos próprios espaços verdes haver áreas de retenção como forma de gestão das águas fluviais, que permitem um controlo mais adequado dos efeitos de picos de chuva. Temos tido o cuidado nos projetos que agora entram para avaliação perceber se vão ao encontro das preocupações ambientais.