Que balanço faz das vendas no último ano para os produtores de vinho da Beira Interior? Temos crescido a nível de notoriedade no estrangeiro. Crescemos 46 por cento no último ano, um ano muito marcado pela pandemia é um número fantástico.
Houve algum segmento dos vinhos que se destacou em particular?
A exportação foi um dos setores que nos ajudou muito a contrabalançar esta questão da pandemia, que foi muito complicada. Os países do Norte da Europa, os Estados Unidos, entre outros, são mercados que privilegiam os vinhos biológicos. Há essas oportunidades e temos de tentar entrar nesses mercados. Temos tentar vender os nossos vinhos para os mais variados mercados.

Acredita na hipótese dos vinhos biológicos superarem os vinhos convencionais?
Creio que isso será uma questão de tempo. Os vinhos biológicos nunca serão os vinhos que vão dominar o mercado, pelo menos a curto prazo, mas será um segmento a crescer. A Beira Interior é naturalmente uma região com condições para fazer vinhos biológicos, por isso, nós devemos potenciá-lo. No entanto, os vinhos do método dito normal vão continuar a ser a nossa âncora para os próximos anos.
A exportação foi um dos setores que nos ajudou muito a contrabalançar esta questão da pandemia, que foi muito complicada”
Quais as mudanças trazidas pela produção de vinhos biológicos?
É sobretudo na produção que é mais amiga do ambiente e está assente na base da sustentabilidade. O próprio vinho tem menos tratamentos. A região tem um clima particularmente quente e seco no verão e isso potencia esse tipo de produtos. O consumidor prefere consumir vinhos que sabe à partida vão ter menos tratamento que outros. É uma tendência do próprio mercado. Esta questão da sustentabilidade é também uma norma da União Europeia e por isso devemos cada vez mais fazer apostas nesse sentido. É uma maneira também de gerar riqueza para a região, que também é preciso.
Qual o grau de desenvolvimento do Turismo associado ao vinho na Beira Interior?
O Enoturismo é outro dos projetos promovidos pela CVR Beira Interior através da rota dos vinhos. É sobretudo um projeto de promoção territorial. Através do vinho, ligamos às quintas, aos hotéis, aos restaurantes. Temos muitas valências que podemos potenciar através do Enoturismo, que há-de crescer e há-de complementar os ganhos dos produtores.
Estes primeiros indicadores são positivos?
Sem dúvida. Não é pela quantidade de vinho que se vende, mas sim a quantidade de clientes que conseguimos angariar. Temos clientes de todo o território e isso também ajuda a espalhar o nome da região.
O consumidor prefere consumir vinhos que sabe à partida vão ter menos tratamento que outros. É uma tendência do próprio mercado”
Qual a marca distintiva dos vinhos da Beira Interior?
Somos conhecidos por ter vinhos de altitude, que são vinhos com mais acidez, com mais frescura e um bocadinho carácter. Temos uma diferenciação para as demais regiões que é a questão dos vinhos biológicos. Temos vindo ano após ano a crescer nesse setor, que está a captar atenções não só em Portugal como no resto do Mundo.