Que balanço faz dos dados obtidos acerca do último ano no setor da pedra?
O setor da pedra natural tem crescido de forma significativa ao longo dos últimos anos. Em 2021, registou a impressionante subida de 19,3% nas exportações e de 17,6% no volume de negócios. Os primeiros meses de 2022 dão seguimento a esta tendência de crescimento, confirmando a estratégia de todo setor, e demonstrando, com clareza, a sua vocação exportadora e o importante contributo para a balança comercial nacional.
Os dados divulgados pela Assimagra revelam que Portugal está a exportar mais, mas a ganhar menos dinheiro. Que avaliação faz desta conclusão? Que objetivos estão em curso para inverter esta tendência?
Portugal e o setor estão a exportar mais, com mais valor acrescentado, com maior eficiência nos processos de extração e transformação, e com uma clara aposta na investigação, certificação, qualidade e sustentabilidade. Embora esta tendência tenha vindo a ser observada, importa dar nota que nos 10 primeiros destinos da pedra natural portuguesa, apenas 3 países apresentam desvalorizações do preço médio exportado. O perfil das exportações para estes países, embora deva merecer atenta reflexão por parte do setor, não coloca em causa o sucesso da estratégia da valorização e qualidade do produto exportado. Os incentivos europeus irão, agora mais do que nunca, ser um importante auxílio no reforço da competitividade e capacitação do setor. Seja na promoção de produtos inovadores fruto da cooperação entre os agentes do conhecimento e a indústria, seja na transição verde e digital.
Portugal é considerado um dos players do mundo no processo de transformação da rocha ornamental. Que factores considera estarem associados a este reconhecimento?
A qualidade da matéria-prima e o conhecimento histórico nacional são as fundações do sucesso desta indústria e da sua afirmação global. No entanto, nos últimos anos, o setor tem aberto as suas portas à academia, à investigação, à colaboração entre os vários agentes do conhecimento e da indústria e feito avanços significativos nos processos de certificação e qualidade. O reconhecido e histórico saber-fazer capacitou-se com tecnologia, certificação e formação e exponenciou uma das nossas indústrias mais globais.
Os primeiros meses de 2022 dão seguimento a esta tendência de crescimento, confirmando a estratégia de todo setor, e demonstrando, com clareza, a sua vocação exportadora e o importante contributo para a balança comercial nacional”
A questão dos custos energéticos tem sido alvo de muita discussão quer pelos empresários do setor, quer pelas associações. Qual é a posição do Estado nesta matéria?
A incerteza geopolítica internacional e a subsequente crise energética têm originado perturbações nos mais diversos setores de atividade económica. Embora tenham sido elaboradas medidas extraordinárias para mitigar as consequências da recente evolução nos preços, os mesmo não têm sido capazes de compensar integralmente o seu impacto. Conscientes dos desafios que emergem da atual conjuntura, o Governo tem mantido um permanente diálogo com as associações empresariais e os agentes económicos do setor, monitorizado e, oportunamente, legislado para fazer face aos crescentes constrangimentos.
Quais as soluções em vista para amenizar os custos associados à atividade de extracção e transformação da pedra?
A redução do ISP no equivalente à redução da taxa do IVA para 13%, o alargamento do regime de flexibilização de obrigações fiscais durante o primeiro semestre de 2022, o diferimento das contribuições para a Segurança Social para empresas de setores particularmente afetados pelo aumento dos preços da energia, onde se incluem as indústrias extrativas, assim como o Programa Apoiar as Industrias Intensivas em Gás, com um apoio de até 400 mil euros por empresa a fundo perdido, são exemplos de soluções adotadas pelo Governo para proteger as empresas e a atividade económica. O Governo acompanha permanentemente a evolução da crise energética e atuará na medida do necessário.
O Governo acompanha permanentemente a evolução da crise energética e atuará na medida do necessário”
De que forma o Governo tem trabalhado a projeção deste setor no contexto internacional? Quais as metas já atingidas? E por atingir?
A promoção internacional tem sido um trabalho conjunto entre o setor e o Governo, com excelentes resultados. A afirmação da qualidade do produto nacional, a diversificação dos mercados internacionais, a criação de uma marca forte e autêntica, o reconhecimento da certificação nacional e a colaboração entre todos os agentes do setor tem pautado a estratégia comum. É, claramente, uma meta cumprida com distinção a criação da marca “StonebyPortugal” e a forte diversificação de mercados externos. É agora desígnio de todos continuar a alavancar no mundo a qualidade da pedra natural extraída e transformada em Portugal, com uma forte tónica na colaboração entre os agentes do setor.
Portugal está atualmente na rota de investimentos internacionais da pedra. Em sua visão a que se deve esta aposta e reconhecimento?
Mais uma vez, o nosso reconhecido saber-fazer, a qualidade da matéria-prima, os elevados padrões ambientais e o património histórico que este setor tem na economia nacional, afirma-nos como um natural destino de investimento direto estrangeiro. A competitividade do setor, a excelência das nossas empresas, a qualidade da formação, a resiliência dos nossos empresários, a estabilidade e segurança do nosso país distinguem-nos de outros mercados concorrenciais.